As vezes vem na lembrança as coisas do meu sertão
A casa velha de barro também de barro o fogão
Com uma chapa de ferro quatro furos com tampão
Trabalhando o dia inteiro movido a lenha ou carvão
Os utensílios de barro e um forno de assar pão
Era aceso o dia todo pra preparar a refeição
Na sala a gente via a velha mesa encostada
Oito cadeiras de couro lamparinas penduradas
Seis tamboretes espalhados pra quem fizesse chegada
Sete tornos nas paredes pra rede nas descansadas
Um pote de agua fria colhida na invernada
E sobre a mesa eu vi um ferro de passar a brasa
No quarto do casal tinha cama com colchão de palha
A janela pro nascente a porta dava pra sala
O oratório na mesinha com são Vicente de Paula
Perto da cama uns tijolos em cima deles a mala
Pendurada na parede a espingarda e as balas
Debaixo da cama o penico que tudo ver mas não fala
Um outro quarto isolado com um grande janelão
Era muito utilizado como paiol de algodão
E alguns silos que guardava milho farinha e feijão
Também guardava as ferragens foice machado facão
A sela de montaria espora arreios gibão
Moinho de moer café e o arado de cortar chão
No terreiro da cozinha se encontrava um pilão
Mais na frente pude ver carroça e carro de mão
Galinha pato guine a pequena criação
No cercado um burro preso comia numa cocheira
Embaixo de uma latada um boi de campinadeira
Descansava do trabalho admirando a capoeira
Vendo a casa por fora de alpendres rodeada
Um cepo velho rachado um banco e uma rede armada
Uma pedra de amolar e a cangalha pendurada
Em frente um juazeiro sombreava o ambiente
Atrás o curral de gado mantinha algumas sementes
São lembranças do sertão que guardo na minha mente
Emanoel Milhomens de Carvalho
Natal / 09/07/2011
A nossa Caatinga Serrana, coberta de flores, no período chuvoso, que chamamos de inverno, pois lá temos o tempo do verão e o inverno, que é atípico, chove muito, mas é operíodo do ano que se tem o sol mais forte. É lindo demais esse Bioma! (Fátima Alves- esposa de Emanoel, e Poetisa da Caatinga)
Fiquei maravilhada com o poema!Lembrei-me de muita coisa também de minha infância, fazendo essa leitura dessa paisagem rural...
ResponderExcluirNunca estive lá, mas senti nas boninas do meu ser a doçura acre de um sertão, que indubitavelmente é metáfora de todo e qualquer interior de si.
ResponderExcluirAdorei o poema... deveria escrever e publicar mais vezes!
bjins,
shannya