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quinta-feira, 3 de julho de 2014

De onde veio nossa primeira raiz? Voz poética de Fátima Alves Poetisa da Caatinga


















De onde veio nossa primeira raiz?

Num canto tão esquecido do mundo
Longe de qualquer progresso
Escondido e protegido
Pela imponência de muitas serras
Uma família certo dia chegou
E ali resolveu fazer morada
Em meio a tantas dificuldades
Até mesmo a falta d'água
Não se sabe de fato
Como isso aconteceu...
O primeiro a chegar naquelas terras
Na história se perdeu...
E as pistas não são concretas
Mas a comunidade foi real
Permaneceu e cresceu lá entocada
Por muito mais de um século
E vi meu avó morrer aos 80 anos
Envolvido pela paz daquelas serras
Percebe-se a partir daqui
Que estou a falar das minhas raízes
Pois é, estou mesmo!
Desde criança tenho a curiosidade
De saber como chegamos naquele lugar
E não encontro respostas que me saciem
Por isso quero registrar minhas suposições
Fios que por ter nascido naquela cultura
Com eles lidei e aprendi a tecer
Veja bem! Naquela brenha de serra
Muito distante e isolada das outras sociedades
Uma família denominada Batalha viveu singelamente
De acordo com suas próprias potencialidades
A cidade que é a sede do município
Foi colonizada por portugueses
Mas nada dessa cultura chegou até nós
Nossa família permaneceu isolada
Perdida ou escondida naquele mar de serras
Até, que pouco a pouco, seus membros
Por não suportarem tantas dificuldades
Foram abandonando aquelas terras
E aquele povo com jeito de índio
Que tinha suas próprias terras divididas em família
Que
produzia seu sustento em regime de mutirão
Que Vivendo do cultivo pra subsistência
Só plantavam em época de chuvas
E cultivavam naquelas alturas
Milho, feijão, mandioca, fava e algodão
Que só consumia o que dali retirava
Que em maioria casavam entre parentes
Foi aos poucos sendo vencida
Pelas dores da ausência das políticas públicas
E se vendo menosprezada e discriminada
Frente ao progresso do município
A comunidade se desfez em ritmo acelerado
E da sua história poucos fragmentos restaram
Estando hoje apenas na oralidade deste povo
Suscetível a em breve desaparecer por completo
Preocupada com a origem de minhas raízes
Venho tentando a vários anos
Encontrar respostas para minhas inquietações
De onde viemos?
E por que escolhemos aquele lugar pra morarmos?
Em anos de profundas reflexões...
E sem nenhuma base científica
Mas orientada pelo norte perseguido
Que pela minha vida percorri
Acredito que nossa comunidade
Poderá ter se formado
A partir de um pequeno quilombo de índios
Que por um determinado tempo
Se escondeu para sobreviver da cruel escravidão
E quando minha geração chegou
Já estávamos misturados a outros povos
Mas ainda, tendo muito dos costumes indígenas
Como também a maiorias das características físicas
Pois temos corpo, cor, cabelo e cara
Que retrata e nos faz lembrar esse povo
Um perfil do qual sinto orgulho
E quando me olho no espelho
Vejo em mim, muitos traços
Que me fazem reconstruir em reflexões
Nosso
início desconhecido
Mas ainda desejado e buscado
Nas palavras que foram silenciadas
E talvez enterradas vivas
Antes mesmo de ecoarem na voz do vento
A corrente comunitária de minhas raízes
Foi quebrada por não ter sido cuidada e preservada
E hoje procuro encontrar pequenos fragmentos
Para que possamos reconstruir mesmo colada
Por pequenos pedaços poucos e frágeis
A história da nossa história
Uma busca por cada raiz da família batalha
Que chegou e viveu nas entranhas da mata serrana
Num lugar de nome Serra das Almas
Lá no alto oeste daqui do RN
Onde hoje só existem as ruínas das nossas moradas
Ou somente os pés de cajarana e seriguelas
Que pontuavam a existência de cada casa
E eram lugares preferidos por crianças e animais
Um mundo de um povo simples e unido
Que não pode continuar organizado
Em comunidade familiar
E se desfez antes de se conhecer
Um Povo que nunca soube de fato quem foi
Nem tão pouco com isso se preocupou
Mas eu sim! Quero saber nossas verdades...
Quem fomos? E quem somos?
Porque amo muito... esse meu povo.

Fátima Alves - Poetisa da Caatinga

Natal,11.09.09
Texto do meu livro "Retratos Sentimentais da Vida na Caatinga"

Luar do Sertão - Canta Luiz Gonzaga

"Não há, ó gente, ó não
Luar como esse do sertão
Não há, ó gente, ó não
Luar como esse do sertão"

Oh! que saudade do luar da minha terra
Lá na serra braqueando folhas secas pelo chão
Este luar cá da cidade tão escuro
Não tem aquela saudade do luar lá do sertão

Não há, ó gente, ó não
Luar como esse do sertão
Não há, ó gente, ó não
Luar como esse do sertão

Se a lua nasce por detrás da verde mata
Mais parece um sol de prata prateando a solidão
E a gente pega na viola que ponteia
E a canção é a Lua Cheia a nos nascer do coração

Não há, ó gente, ó não
Luar como esse do sertão
Não há, ó gente, ó não
Luar como esse do sertão

Mas como é lindo ver depois pro entre o mato
Deslizar calmo regato transparente como um véu
No leito azul das suas águas murmurando
E por sua vez roubando as estrelas lá do céu

Não há, ó gente, ó não
Luar como esse do sertão
Não há, ó gente, ó não
Luar como esse do sertão

Link: http://www.vagalume.com.br/luiz-gonzaga/luar-do-sertao.html#ixzz36PZtpF2p

Visões da Lua cheia - Fátima Alves - Poetisa da Caatinga





















Visões da Lua cheia

Hoje vi a Lua cheia
Coisa linda de se ver
Puro encanto prateado
Que seduz os namorados

Hoje vi a Lua cheia
Entre os prédios da cidade
Uma beleza notável
Que mudou este cenário

Hoje vi a Lua cheia
Nascer acima do morro
Trazendo raios de prata
Enfeitados de paixão

Hoje vi a Lua cheia
Da janela do meu quarto
E não pude me conter
Me senti apaixonada

Hoje vi a Lua cheia
Trazer luz pra meu jardim
Claridade sedutora
A flor de cacto despertou

Hoje vi a Lua cheia
Com seu rosto bem feliz
Em véu de prata vestida
Querendo mostrar-se ao seu rei

Hoje vi a Lua cheia
Como sempre solitária
Pois o Sol já tinha ido...

Fátima Alves - Poetisa da Caatinga
Natal, 07.07.09
Texto da minha obra "Palavras Singelas e Encantamentos"