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sexta-feira, 6 de dezembro de 2019

Para uma Roseira que sobreviveu a seca de 1958 - Voz poética de Fátima Alves




Para uma Roseira  que sobreviveu a seca de 1958

                  Era 1958, uma grande seca assolava vários municípios do Nordeste, e aqui no RN num povoado chamado Baxio de Nazaré, na época, pertencente a São Miguel ( área serrana) do alto Oeste deste Estado, morava Minha Roseira, aquela que mais tarde desabrocharia botões, flores e finalmente frutos... E seria minha Mãe!
                  Dizem, que  a minha Roseira, ainda sem botões e  sem flores, já se mostrava linda... Mas naquela terrível seca, para não morrer por falta de nutrientes, seus pais a passaram para ser cuidada por uma tia  (Maria josé) que tinha mais condições.
E a Roseira ainda menina
Teve que deixar seu lar
Seus irmãos e irmãs
Seus amigos e amigas
E eu, fico pensando... Será que ela chorou?
Ou por ser inocente se alegrou?
Sei que lá junto a sua tia
Ela viveu feliz por vários anos
Transitando entre a saudade e a bonança
Coitada da minha mãe Roseira!
Menina morena!
De olhos cor de jabuticaba
Era magra, com cintura fina feito pilão
E tinha lindos e longos cabelos pretos
Mais belo ainda!
Era seu nome!
Maria Jacira!
Nome de Santa e de Índia
Essa roseira, tinha um apelido
Todos a chamavam de Jarina
E por esse nome ficou conhecida
Jarina, é uma linda e imponente planta da Região Amazônica
Da qual, de cujos frutos, saem  belas sementes
E os povos da floresta, os transforma em lindos colares
Eu não sei o por que desse apelido?
Mas adorei! Quando conheci a história da planta.
E minha Roseira, num cenário de seca e terror
Viveu bons momentos...
Num tempo em que a fome
Matava muitos membros das famílias
Algum tempo após essa seca
A Roseira voltou para seu lar
E lá, só ficou por pouco tempo
Pois logo, ela encontrou um cravo
E com ele se casou.
Ah! Penso que não era o cravo esperado
Ele apenas a seduziu pela beleza
Que nela havia
E todo ano essa Roseira junto a esse cravo
Gerava um botão que depois
Desabrochava em flor
Mas a flor murchava e caía
Não chegava a frutificar
E alguns botões nem desabrochavam,
Caiam antes mesmo de chegar ao estágio de flor
Eu fui seu segundo botão a desabrochar e virar fruto
Pois o primeiro, murchou e morreu assim que desabrochou
E de todos os botões e flores da minha Mãe Roseira
A natureza selecionou apenas 08 ( oito)
Para chegar a ser flor e fruto
E começar um novo ciclo de vida
E assim,
De tão sofrida pela vida...
De tanto lutar para sustentar seus frutos
Maria Jacira
Ou
Simplesmente Jarina
Adquiriu várias patologias
Inclusive mental e cardíaca
Mas ainda em vida
Ela viu e contemplou a beleza
Dos seus frutos que a vida selecionou
E lhe deu como Dádiva de Deus
Depois ela se foi...
Para sempre!
E eu vivo a escrever para ela
O que em vida tinha vergonha de dizer
Coisas da nossa cultura familiar...
A gente não era apegado fisicamente
Porém, entre nós, sempre houve um eterno amor.
Te amo! Minha Roseira Maria Jacira
Ou apenas,
Minha Mãe Jarina...
Uma frágil Roseira
Santa e Índia!

Fatima Alves/ poetisa da Caatinga
Natal/30.11.2011

quinta-feira, 21 de novembro de 2019

Ao Eremita meu Avô - Voz poética de Fátima Alves - Poetisa da Caatinga



Ao Eremita Meu Avô!
Herculano Batalha do Rêgo
(in - memorian)

Há muito tempo meu querido avó
Sinto vontade de escrever sobre você
E hoje tive coragem de retratar por palavras
Um pouco do seu jeito de viver...
Um jeito único no meu universo familiar
Pois não conheci nenhum outro semelhante
Mesmo fora da família
Você meu amado avô!
Era diferente de todos os homens que conheci
Você não parecia com gente
Seu perfil era de anjo
Um anjo habitante da montanha
Protetor de toda a natureza...
Você vovô foi eremita
Por mais de quarenta anos
Contam-me...
Que foi desde a morte de minha avó
Sua esposa querida Rita
Uma mulher quase menina
Que faleceu durante o parto da minha tia Antônia
Eu nunca lhe perguntei sobre isso
Porque enquanto criança
Tinha receio de tocar nesse assunto
Mas logo cedo, quando aprendi a ler
Percebi que você era um eremita
E que conseguia viver sozinho
Completamente isolado do mundo civilizado
Isso eu sempre admirei!
Como eras, desprendido do mundo material!
Teu mundo era as montanhas
E seu casebre ficava no morro mais alto
Da nossa comunidade familiar
Fato que lhe mantinha isolado
Mas também contemplativo
E vigilante do nosso universo
Daquele nosso mundo
Que por natureza era escondido e isolado
Das outras comunidades
Toda a sua família morava ali
Na mesma comunidade
Mas você não visitava ninguém
Só saia de casa para ir na cidade
Comprar algo que precisava no dia a dia
Como: açúcar, grãos de café, bolachas e outras coisas
Que na roça não existiam
E parecia não sentir a necessidade de ser visitado
Mas a gente lhe visitava sempre
E ficávamos vários dias com você
Naquele casebre que mal nos protegia da chuva
Pois não tinha mais paredes na maioria dos cômodos
E a gente nem tinha medo
Dormíamos olhando as estrelas
Pelos buracos das paredes e frestas do telhado
Estar com você vovozinho era estar na paz
Pois no seu casebre tinha sempre um fogo aceso
E sua rede armada perto do mesmo
Ali não havia frio!
E havia acima do fogo uma chaleira de café ou chá
Pendurada por um arame
Que nunca esfriava
Estava sempre quentinha para ser servida
Ao lado da parede tinha uma mesa com gavetas
E acima desta mesa, alguns quadros de sua crença católica
Na casa havia vários bancos e baús
Além  de pratos, inclusive alguns de barro
Colheres ,alguidares e panelas
E nessa simplicidade você era feliz
Disso tínhamos certeza
Porque todos nós amávamos o vovô Herculano
E quando chegávamos em sua casa
Era notável sua felicidade
Logo ficávamos neste espaço da sua rede e do fogo
E Você nos contava histórias
Cantava suas músicas
E falava das criaturas do outro mundo
Só saia da rede pra cuidar da pequenina roça
Pegar água no olho d’agua
E alimentar seus cães e gatos
Os quais eu adorava!
E foi de você e do meu bisavô
Que penso ter herdado
Um amor eterno pela natureza
E em especial pelos cães.
E mais ainda...
Eu também gosto de viver reservada
Cuidando da natureza
Meditando sobre a vida
Minha e do outro
E escrevendo...
Ah Vovozinho!
Fostes tão importante na minha vida!
Que até hoje, ainda sonho muito com você
E em cada sonho me vejo sendo sua neta menina
Aquela que você muito adorava
E ensinava a rezar...
Hoje eu não tenho nenhum retrato seu
Mas te vejo sempre em minha mente
De calça preta e camisa azul celeste
Indo a cidade com um jumento e caçuás
Para receber seu aposento e fazer pequenas compras
Nas quais vinham nossas deliciosas bolachas
Pra nos serem oferecidas em cada visita...

Ah! Vovô Herculano!
Eu penso que um coração eremita nunca morre...
Se eterniza pelo amor!
***
Maria de Fátima Alves de Carvalho ( Poetisa da Caatinga)
Sua eterna neta...
Natal, 15.12.2010
 Texto publicado na coletânea " Família - Doces Lembranças"
Editora : PerSe




quarta-feira, 13 de novembro de 2019

Agonia de poetisa- Voz poética de Fátima Alves - Poetisa da Caatinga















Agonia de poetisa

Um vazio não sei de que
Estou hoje a sentir
Não consigo encontrar
As asas do meu sonhar
O meu céu ta bem distante
E não vejo o horizonte
Que costuma me encantar

Um vazio não sei de que
Dói em mim
E me entristece
O meu peito sufocado
Quer chorar mais não consegue
Essa dor que desconheço
Aparece em meu viver

Num vazio angustiante
Eu caminho sem querer
Minhas asas não encontro
Pra sair deste sofrer
Vou tentar adormecer
E sonhar num vale lindo
Pra depois que acordar
Me sentir num paraíso...
***
Fátima Alves / Poetisa da Caatinga
Natal, 06.06.2010
 Texto do meu 4º livro “Letras de Caatingueira”
Obs: eu não sinto mais este vazio.



domingo, 10 de novembro de 2019

Onde estão meus versos? Voz poética de Fátima Alves














Eu sei que nas dores têm versos
 Mas os meus sumiram...
 Deixaram minha alma
 Sem o prazer de escrever
 Não sei por quanto tempo
 Irei ficar sem nenhuma inspiração
Mas torço para que eu volte logo
 A cantar a vida
Com as letras da minha alma...
Estou passando por sofrimento
 Mas Deus está comigo
 Sendo assim meu fardo é leve
Porém, quero me encher
De amor pela vida
 Mesmo para mim ela estando dolorida
 Pois preciso deixar minha marca de amor
 Por todo o meu viver na terra...
 Esta é a minha vontade.
***
Fátima Alves / Poetisa da Caatinga
Natal, 10.11.2019

domingo, 27 de outubro de 2019

Saudades do meu sertão - Voz poética de Fátima Alves - Poetisa da Caatinga
















Sinto saudades do meu lugar
 Do cheiro de terra molhada
Da poeira da estradinha de terra
 Dos redemoinhos de vento
Da caatinga seca ou verde
 Da fartura dos roçados
Das enchentes do rio temporário
Das festas de casamentos
Das conversas nas calçadas
Das noites de céu estrelado
Do cheiro do café fresquinho
 Da comida feita no fogão de lenha
E de tudo que lá deixei
Para vir morar na capital
E tentar uma vida melhor
 Isso aqui na capital eu consegui
 Mas a minha alma
Continua no sertão a passear...
***
 Fátima Alves- Poetisa da Caatinga
 Natal, 23.10.2019
 Foto retirada do google

sábado, 20 de julho de 2019

É outono em mim... Voz poética de Fátima Alves


Em mim estou em pleno outono
 Meus frutos amadureceram
 E minhas folhas
 Já estão formando
 Lindos tapetes no chão
 Nessa fase da vida
 Sou uma planta feia por fora
 Mas linda por dentro...
 Estou segura de mim
 E vou adormecer
 Para viver e sobreviver ao inverno
 Porém, quando ele passar
 Despertarei aos poucos
 E estarei em plena primavera
 Para viver enfeitando e perfumando
 O mundo por mais uma estação...
***
 Fátima Alves/ Poetisa da caatinga
Natal, 19.07.2018

terça-feira, 11 de junho de 2019

Da vida eu só levo o amor na alma... Voz de Fátima Alves- Poetisa da Caatinga


Da vida eu só levo o amor na alma...

Da vida levo o que senti
Sentir que me fez feliz
Um cheiro que é lembrança
Dos amores construídos

Da vida levo o que vi
Visões que me alegraram
As cores que me encantaram
E eu floresci na alma

Da vida eu só levo o amor
Amor que vivendo achei
E tanto meu mundo amei
Que amor nunca me faltou

Da vida só levo a alma
Mistério que me faz ser
Tão única aqui na terra
E assim lá no céu também

Da vida eu só levo o amor
Amor que me faz viver...
***
Maria de Fátima Alves de Carvalho
Poetisa da Caatinga
Natal, 20.11.09
Texto do meu 4º livro “Letras de Caatingueira”
Foto de Emanoel Milhomens

quinta-feira, 23 de maio de 2019

Um laço de tristeza... Voz poética de Fátima Alves - Poetisa da Caatinga






Um laço de tristeza lilás me enlaçou...
E me fez chorar! Chorar muito...
Então! lembrei –me das flores lindas
Do meu jardim de amor
 E como hoje choveu na Caatinga
Nossas flores estão felizes!
E eu não quero que elas
Me vejam chorando...
Porque elas no meu viver
Estão sempre a me alegrar
Então vou tentar congelar
 Minhas lágrimas tristes e lilás
E buscar desatar esse laço de tristeza
Porque não quero deixar
Minhas lágrimas tristes e salgadas
Junto ao orvalho feliz das minhas flores
Quero mesmo! É sorrir sempre!
Ao conversar com elas...
***
Fátima Alves: Poetisa da Caatinga
Natal, 01.03.2013
Texto do meu 4º livro “Letras de Caatingueira”

sexta-feira, 12 de abril de 2019

Sereno e Sol - Voz poética de Fátima Alves - Poetisa da Caatinga





Respiro de Deus
Com  cheiro de flor
Singelo molhar
Pra vida acordar
Sereno  em véu
Envolve a montanha
E o sol da manhã
Também quer brilhar
Com raios morninhos
Esbanja sua luz
E pede ao sereno
Pra vida esquentar
O sereno despede-se
E vai descansar
Deixando o espaço
Pra o sol governar
Sereno e sol
Essências de Deus
           ***
Fátima Alves -  Poetisa da Caatinga
Natal, 02.03.09
       Ao Deus universal!
Texto do meu 3º livro “Palavras Singelas e Encantamentos...”

sábado, 6 de abril de 2019

Quando a poesia me abraçou...Fátima Alves - Poetisa da Caatinga


















Eu não sei  de fato
O dia em que a poesia
Me abraçou...
Mas lembro-me!
Que ainda bem criança
A poesia já andava comigo
Eu ainda não sabia ler
E ela chegou  em mim
Pela minha oralidade
Eu inventava histórias e músicas
Também falava muito com Deus
Quando estava  sentindo
Medos!
Saudades!
Tristezas!
E alegrias!
Eu falava com voz e tom poético
Porém, ninguém percebia...
Mas  eu me sentia diferente
Gostava de conversar
Com as plantas
Com os animais
Com as estrelas
E com a lua
Que sempre me encantava...
E foi assim, que a poesia me abraçou...
E me abraçou tão forte!
Que nunca mais me largou
E até hoje convivo com ela
Em plena harmonia...
***
Maria de Fátima Alves de Carvalho
(Poetisa da Caatinga)
Natal, 23.09.2017

domingo, 24 de março de 2019

Singeleza da flor aquática - Voz poética de Poetisa da Caatinga



















Singeleza da flor aquática

Beleza delicada e frágil
Flor da água me encanta
Entre folhas a bailar
Feito noiva no altar
Toda vez que a encontro

Essa flor eu muito quero
Cultivar em meu jardim
Mas não tendo lago algum
Pra um lar lhe oferecer
Lhe coloco em minha alma

E não tendo espelho d’água
Onde a flor possa morar
Eu a tenho em pensamento
E
a vejo todo dia...
Enfeitando o meu jardim

Minha flor! D’água amor
Em beleza multicor
Vou querer te ver feliz
No jardim de nossas águas
Bailando nos braços do vento
***
Fátima Alves – Poetisa da Caatinga
Natal,21.03.09

Homenagem à singeleza da flor aquática
Texto do meu 3º livro “Palavras Singelas e Encantamentos...”
Foto da minha autoria


terça-feira, 29 de janeiro de 2019

Quando eu partir para o além... Poetisa da Caatinga




















Quando meu último dia chegar
Se eu puder de alguma forma sentir
E consciente estiver
Com certeza escreverei com a alma
Um lindo poema de amor
Aquele que cantando em espírito
Levarei
comigo...
E talvez ninguém escute
Porque não poderão ouvir
O canto magnífico da minha alma
Mas sei que toda alma que é feliz
Parte cantando... e assim desejo ir...
Porém, peço ao Deus que me criou
Que nunca me deixe ser triste
Embora tenha que passar
Por muitos momentos de tristeza
Mas a sua divina graça
É abundante em minha vida
E sei que será sempre assim...
Pois Deus, meu criador
Me concede tudo o que é necessário
Para meu espírito nele se regozijar
E eu sou eternamente agradecida
Pelos bens espirituais que tenho
Minha família
Meu casal de filhos
Meus poucos amigos
Meus inúmeros dons artísticos
Meu inexplicável amor pela natureza
Minha doce amizade com os cães
Minha profissão
E um coração sem rancor
Tudo isso! Reconheço como dádiva e bênçãos
E para mim, é o essencial para que eu seja feliz
Completamente feliz!
Por isso, desejo deixar este mundo cantando...
Cantando com a alma...
Cantando meu último poema...
Cuja letra virar da voz de Deus
Mas espero que esse dia...
Ainda demore...
***
Fátima Alves – Poetisa da Caatinga
 Natal, 24.11.09
 Texto publicado no meu 2º livro “Retratos Sentimentais da Vida na Caatinga”