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sexta-feira, 9 de março de 2012

Dia da Mulher!!! Para quê? Reflexões da poetisa da Caatinga- Fátima Alves

Voz poética de Fátima Alves/ Poetisa da Caatinga/ São Miguel/ Cel. João Pessoa/RN
Dia da Mulher!!!  Para quê ? Festas!  ou Reflexões?

Como mulher pesquisadora  de minhas inquietações, conheço o fato histórico que através de lutas e mortes, deu origem a essa  trágica data. Eu não sou de atribuir valor algum a data, mas de conhecer o contexto histórico que a marcou como um dia para ser comemorado. E Aqui não relembrar o massacre daquelas que por lutar em busca de migalhas de direitos, morrem queimadas. Não! Eu não consigo escrever sobre esse triste fato, que marcou o mundo.

              E assim como a maioria das datas, as festas e solenidades públicas mascaram fatos e impedem  palcos para reflexões no lugar de dar-se flores e bolo branco e cor de rosa.  Festas e festas... inibem ou calam de verdade a voz da maioria das mulheres, que , apesar de ter tido  várias conquistas   e uma lei específica para nos proteger... Não sinto que somos protegidas! E falo também por aquelas mulheres que nada podem manifestar frente ao que passam no seu viver.
               As mulheres que conquistaram a liberdade, são essas escravas de um perfil de beleza imposto pelo lucro das empresas capitalistas?
              Outra indagação? Trabalhar fora do lar  em dupla ou tripla jornada, e deixar seus filhos cuidados por outros, ou pelos próprios irmãos é ter liberdade? Ou ser cruelmente  de forma sutil, enganada para enriquecer mais ainda quem detém o monopólio do poder?
O que é liberdade para a mulher? Seja ela, rica ou pobre, da cidade ou do campo, com diplomas ou com pouca escolaridade,  jovem ou anciã?
             Qual é de fato  a nossa liberdade? O que é isso???
              É trabalhar até se deprimir, por ir além do nosso limite físico?
      É não ter o direito de criar os nossos filhos?  E ainda, sermos enganadas com a frase de” gente importante,” que fala em roda de debates... e diz que: “O que importa para os filhos é a qualidade do tempo, e não a quantidade.
            Que tempo é esse? Um beijo antes de dormir e às vezes uma oração? Um livro lido uma ou duas vezes  na semana.

        Uma tarde nas lojas para jantar, brincar no parque  e ganhar presentes?
Como mulher mãe!
                É essa a nossa liberdade?  Se  ausentar  para trabalhar , enquanto nossos filhos vivem as dores da nossa falta. A infância é a fase mais curta da vida, e nós mães, não temos mais o direito de estarmos  presentes  fisicamente nessa infância, para olharmos e cuidarmos de nossos filhos.
              A infância, principalmente  dos filhos das mães operárias, estar pedindo socorro ... E encontra-se  com os dois pés  a ponto de passar na linha de passagem para  grupos de todo tipo de riscos que desviam a conduta do futuro adolescente.
E como  Mulher Sensual?
      O que somos? Que liberdade temos? O que é sensualidade?
              Podemos nos vestir de acordo com nossa Cultura? Nossa personalidade?  E o nosso perfil biofísico?  Não! Tudo nos é imposto. A mídia determina e a gente sem nem perceber, que estamos sendo objeto de exploração e de consumo da mídia e do machismo social. Porque ainda  atendemos a quase todos os seus apelos. E quem tenta ser o que realmente é, passa a ser vista como estranha ou louca.
            E  para não ir muito além dos meus sentires, preciso ter coragem de dizer que não vejo motivo algum para esquecermos as lutas e não lembrarmos  que estamos camuflando nossa falsa liberdade, fazendo tantas festas...
            Esse é o meu pensar, e sei que ele estar incluso na maioria  feminina que silencia sua voz por ter medo de falar. Por que nem a própria Lei Maria da penha,  é capaz de nos proteger de verdade, porque ainda caminha muito devagar e precisa de políticas de Estado, para que ela de fato atue com maior eficácia.

Fátima Alves/ Poetisa da Caatinga
Natal/09/03.2012




Tenho recebido flores de tristeza¨... Fátima Alves / Poetisa da Caatinga

Voz poética de Fátima Alves/poetisa da Caatinga/ São Miguel/ Cel. João Pessoa/RN

Tenho recebido flores de tristeza...

Sufoco no peito...
Amargo na boca!
Um respirar agonizante
Me ataca e me consume
Suga minhas energias
E vai enterrando meus sonhos
Minhas flores logo murcham
A tristeza lhes consumem
Como praga sem controle
A atacar meu jardim
Famintas igual gafanhotos
E agora, de ontem para hoje
Meu jardim só tem tristeza


Primavera me deixou...
Bem sozinha no deserto
Enquanto eu dormia e sonhava...
Quando acordei me assustei
Perdido meu Ser estar
E não encontra nenhum oásis
Para poder descansar...

Primavera me deixou...
Nem adeus ela me deu
E agora meu chorar...
Já não tem nenhuma lágrima
Todas elas congelaram
E grandes geleiras formaram
Lá dentro do meu coração

Primavera me deixou ...
Sem poder dizer adeus
E como dormindo eu estava
Não pude lhe acompanhar
Acordei num verão forte
Com um Sol abrasador
Que meu jardim devastou
E só flores tristes deixou
Que murcham enquanto morrem...
E eu as recebo pelo vento
Flores tristes em pensamentos.

Fátima Alves/ Poetisa da Caatinga
Natal/08/03/2012


OBS: Este poema foi escrito hoje a noite, no ônibus, enquanto eu ia para meu trabalho. E o dedico a todas as mulheres que vivem sofrendo e nada pode falar ou fazer, porque são acorrentadas pelos grilhões da sociedade capitalista e machista, na qual, não se pode ser, a singularidade do que se é...